Acumuladores, como iniciar a ajuda

O transtorno da acumulação compulsiva já foi tema aqui no blog, quando divulgamos o primeiro artigo do psicólogo Hélio Savi Bastos (leia aqui). Para saber mais sobre o assunto, que afeta inúmeras pessoas no mundo, Bastos aborda neste segundo artigo qual a maneira adequada para ajudar quem sofre do transtorno. Acompanhe!

Como ajudar acumuladores

Obviamente não vou colocar nestas linhas nenhuma instrução técnica sobre o processo terapêutico dos acumuladores, pois este não é o nosso objetivo neste espaço, não é mesmo? Mas cabe contar um pouco como acontece este processo e como você, leitor, pode auxiliar a pessoa que se encontra nesta situação.

A pessoa que detém o comportamento de acúmulo nem sempre reconhece esta ação como um problema e, por sua vez, não detecta o sofrimento que ela gera em sua vida, pois o sofrimento de desapegar dos objetos adquiridos e armazenados é muito maior do que o sofrimento de sua guarda. Portanto, o confronto direto é desaconselhado, visto que a tendência é que a pessoa deixe de escutar aquele que a confronta por suas emoções não serem reconhecidas pelo outro.

Empatia e acolhimento

Em suma, o caminho fora do consultório psicológico não é o confronto, mas a empatia e acolhimento. Busque conversar e acolher a pessoa, dando a ela espaço para compartilhar os sentimentos sobre os objetos que guarda. Entenda que para ela se desfazer de qualquer item existe um grande desgaste emocional envolvido, portanto, não sugira nenhuma ação de descarte inicialmente.

Limpeza, catalogação e organização dos objetos

O primeiro passo é pedir permissão para ajudar a pessoa na limpeza, catalogação e organização dos objetos. É importante ressaltar que limpeza não quer dizer descarte neste caso específico. Mas sim uma higienização dos itens.

Identificação

O segundo passo é usar a mesma linguagem que a pessoa. Se a pessoa se referia aos objetos como objetos, coisas, coleção, itens, necessidades ou qualquer outro termo, use o mesmo termo para identificar. Nunca trate os objetos com termos pejorativos, como lixo, tranqueira entre outros.

Compreensão

O terceiro passo é compreender as emoções envolvidas em cada um dos objetos perguntando o que a pessoa pensou ou sentiu no momento da aquisição e guarda, assim como na disposição dos objetos, por exemplo: “Você colocou estas caixas aqui na sala. Por que optou por colocá-las aqui? Será que existe outro local que você possa aproveitar melhor?”. Faça com que a pessoa se sinta confiante com as suas perguntas. Uma questão importante é nunca denunciar qualquer tentativa de descarte durante as conversas.

Auxílio ao cumprimento de metas

O quarto passo trata-se de auxiliar a pessoa a colocar metas pessoais ligadas à organização. As metas devem ser claras e práticas, como, por exemplo, “deixar o corredor da casa desobstruído, sem nenhum objeto”. Uma meta
interessante é estabelecer um número de objetos a serem mandados para o Self Storage (Box). Inclusive esta alternativa pode ser utilizada tanto na organização dos objetos que serão mantidos, quanto como uma fase intermediária entre o que será mantido e descartado posteriormente. Mas neste momento não mencione a possibilidade de descarte. O objetivo agora é destinar para uma armazenagem mais adequada.

Maleabilidade

O quinto passo é manter-se maleável. Isso mesmo, você também precisa estar maleável, pois dificilmente conseguirá transmitir segurança se estiver rígido sobre a necessidade de descarte dos objetos. É importante ressaltar que o objetivo maior é devolver a qualidade de vida para a pessoa que acumula. E, por isso, a organização, a higiene e o acondicionamento adequado já podem trazer grandes melhoras.

Comemoração a cada vitória obtida

O sexto passo trata-se da comemoração dos resultados e da demonstração das melhorias práticas da boa organização. Ressaltar neste momento que a pessoa conseguiu melhorar os ambientes de sua casa, mesmo mantendo os objetos no Self Storage (Box), pode ser importante. Isso trará maior segurança sobre esta escolha.

Reorganização

Por fim, o sétimo passo é trabalhar com a possibilidade de a pessoa iniciar um processo psicoterápico para auxiliar neste momento de reorganização de vida. Deste ponto em diante, o apoio de um profissional é de grande importância para trabalhar com as questões de desapego e vazio.

Psicólogo Hélio Savi Bastos
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